Vamos pensar um pouco numa cena cotidiana na vida dos jovens. Imagine vários adolescentes reunidos em um local, pode ser na escola, numa casa, numa festa e etc. O mais lógico seria imaginar esses jovens conversando entre si, se divertindo, certo? Na verdade, não. O mais lógico é imaginá-los com seus celulares nas mãos, visitando alguma rede social, postando algumas selfies, conversando com alguém que não está próximo. Conseguem perceber o erro nessa situação típica?

A internet costuma ser lembrada por aproximar as pessoas, e isso é algo maravilhoso. Entretanto, não podemos negar que, atualmente, a mesma desempenha, principalmente, o papel contrário na vida das pessoas. Ela está nos isolando do mundo real e, consequentemente, está nos afastando dos que estão próximos.

Na maior parte do dia, jovens e adultos estão constantemente com o rosto voltado para seus smartphones, claro que esses aparelhos desempenham um papel fundamental em nossas vidas, são extremamente úteis, não podemos negar esse fato. Refiro-me aqui às situações em que eles deveriam ser deixados de lado por algumas horas, como quando você marca um encontro com amigos, quando está estudando, quando está tendo uma refeição com a família, quando devia estar dedicando algum tempo para aqueles que são importantes para você, os que estão a menos de um metro de distância.

Em momentos como estes podemos perceber que a população está usando seus telefones de forma excessiva, quando não é mais necessário. Tudo bem amar redes sociais, gostar de conversar com amigos virtuais, mas é importante que coloquemos um limite nisso, para que nossa vida offline não seja negligenciada. É triste estar na companhia de pessoas que preferem ficar conectados a um aparelho eletrônico do que compartilhar um momento com você, algo mais do que apenas tirar aquela selfie para o Instagram.

O boom dos autorretratos também é algo que precisa ser refletido. Os jovens, principalmente, amam fazer autorretratos e compartilhá-los na rede, incluindo esta autora. Quem não ama fazer uma foto num local bonito, durante alguma festa, com pessoas que você gosta? Não é nenhum pecado. Porém, essa ação pode se tornar uma pouco excessiva quando ao invés de se curtir o momento, prefere-se tirar dezenas de fotos para postar depois. Ou, quando se está em um show da sua banda favorita, você prefere gravá-lo inteiro, a se entregar ao momento e curtir ao máximo.

Chegamos ao nível extremo de deixarmos nossa vida real em segundo plano para passarmos nossa existência online. Trocamos um jantar em família por compartilhamentos, nossa ida a uma praia por posts, nosso encontro com amigos por troca de mensagens instantâneas. Deve-se perceber que nossos 12 meses não devem ser vividos apenas no meio virtual, eles nos foram dados para apreciarmos nosso presente fora das redes.

Outro assunto que entra em discussão quando falamos do uso excessivo das redes sociais é sua ligação com o sentimento de tristeza quando fazemos o uso passivo da mesma. O portal de notícias G1 publicou uma matéria sobre estudos realizados pela Universidade de Michigan (EUA) com a Universidade de Leuven (Bélgica) que comprovam que o uso passivo do Facebook faz com que as pessoas se sintam mais tristes, além de despertar a inveja.

Em entrevista para a Billboard no ano passado (2015), Lady Gaga abordou o assunto ao falar sobre a Born This Way Foundation:

“Esses jovens só querem se sentir humanos, mas se sentem como robôs. Eles não entendem porque são tão tristes. Há razões científicas, as quais a fundação pesquisa, do porquê você se sente triste quando olha para seu celular o dia todo. Eu sofri de depressão e ansiedade minha vida toda – eu ainda sofro todos os dias – e eu quero que esses jovens saibam que a profundidade que eles sentem como humanos é normal. Essa coisa nova, onde todo mundo se sente superficial e menos conectada? Isso não é humano.”

O trabalho que a fundação Born This Way exerce para com os jovens é muito importante, me orgulha muito que uma artista como Lady Gaga se dedique tanto para que seus jovens fãs sintam que eles podem encontrar ajuda, é maravilhoso o fato de ela sempre levantar assuntos sérios e que merecem nossa reflexão e isso inclui o uso passivo da internet.

Para a visão de alguns, esse tema pode até parecer bobo, mas pense por um momento em como um jovem, que passa a maior parte do seu tempo se comparando com as pessoas que passam pelo seu feed, se sentindo mal por não ter uma vida tão boa quanto à de uma pessoa aleatória, pode se sentir depois. Isso é tóxico, aliás, o fato de se comparar com os outros é muito tóxico na maioria das vezes.

Quem nunca ouviu o famoso ditado: “A grama do vizinho é sempre mais verde”? É assim que a maioria das pessoas se sente dentro ou fora da grande rede. Nós devemos mudar isso! Sentir-se inferior aos outros pode trazer grandes problemas físicos e psicológicos.

O conselho da coluna de hoje é: desconectem-se. Vivam sem pensar em “curtidas”, em tirar a melhor fotografia, em como uma pessoa “x” é mais bonita, mais rica ou mais feliz que você. Nossa felicidade nunca será construída enquanto pensarmos na felicidade dos outros. Conectem-se à sua vida offline.

Revisão por Fellipe Pepi